A Faculdade de Arquitetura
maio 10, 2017Escola de Minas - UFOP |
Ao ingressar no curso de arquitetura esperava um curso mais voltado a àrea humana e artística, como o estudo de disciplinas de história da arquitetura, da arte, desenvolvimento de desenhos artísticos como croqui, expressão e representação e o estudo de matérias que nos faça refletir e que possamos expressar isso aos outros. Estudei um ano na Universidade Presbiteriana Mackenzie em São Paulo e algo que me inspirava muito era que havia uma matéria em que os alunos criavam estruturas em tamanho real, e outra que eles criavam alguma intervenção no prédio, esta com caráter reflexivo.
Quando me matriculei na UFOP esperava um curso em uma linha mais "arquitetônica". E tamanha surpresa foi a minha quando comecei os estudos aqui, já que obtive aproveitamento de algumas disciplinas e logo me vi fazendo quase nenhuma matéria de arquitetura. Realidade essa que se estendeu durante o curso, apesar de agora incluir mais disciplinas voltadas a arquitetura. Minha principal crítica sob o curso na UFOP é por essas matérias que não agregam ao arquiteto e cujas atribuições no mercado de trabalho não são dadas a ele, ainda possuem e ocupam espaço de disciplinas altamente importantes para a arquitetura, como o Paisagismo, apresentado no curso em apenas 30h, além de Croquis e Projetos de Iluminação, apresentados como disciplinas eletivas, enquanto Cálculo e demais matérias da CIVIL são apresentadas como disciplinas obrigatórias e com o dobro de horas. Essa realidade fez com que eu perdesse um pouco o ânimo que tinha com a faculdade de arquitetura.
Durante o ensino médio cursei técnico em Design de Interiores, o que fez com que eu tenha contato com estudantes de arquitetura de universidades diferentes. No Mackenzie, notei que os projetos deveriam ser desenvolvidos de forma funcional, porém conceitual, fugindo da arquitetura convencional. Conversando com a Gabriela Reyes, formada na Belas Artes em São Paulo e que realizou Ciências sem fronteiras na Technisch Universiteit Eindhoven, em Amsterdam, ela explica que os projetos também prezam por fugir do ordinário diante do projeto, e que existem cursos separados que focam em acústica, conforto e estruturas. O que eu mais sinto falta no curso da UFOP é o incentivo para sairmos do óbvio, além da já citada inclusão e aumento da carga horária de disciplinas realmente voltadas à arquitetura, que incluam arte, sensibilidade, cores, intervenções e questionamentos.
Diante desse embate, a principal dúvida que tenho é em relação à profissão e como vou atuar. Apesar do curso na UFOP ser voltado a área estrutural, não tenho vontade de trabalhar nesse foco. Me sinto mais uma pessoa que vai formar em arquitetura e cair no mercado de trabalho, sem algum diferencial realmente arquitetônico para oferecer. Sinto dúvidas sobre o que esperar desse mercado de trabalho, se há vagas para todos, o que fazer para ter algum diferencial, onde posso atuar além dos escritórios e da prefeitura, e até mesmo o que posso fazer na universidade para melhorar minha experiência com a arquitetura.
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